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sexta-feira, 21 de junho de 2013

A REVOLUÇÃO DA SIMPLICIDADE



            O que é ser simples? Já parou para pensar? Será que você é? Será que reconhece quem seja? O que a resposta a essas perguntas influenciam na nossa caminhada cristã e no nosso relacionamento com o próximo? Vamos bater um papo sobre esse estilo de vida que, acredite ou não, é uma Disciplina Espiritual.

Obs: Destacarei em azul, trechos do livro A Celebração da Disciplina, de Richard Foster, da Editora Vida. Usarei como material principal do nosso estudo.

Tudo que aprendi se resume nisto: Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo. 
Eclesiastes 7:29

              A simplicidade está no coração de Deus. Imagine se fosse você ou eu tivéssemos criado o Universo, nosso Planeta, o Ser Humano e toda e qualquer forma de vida. Não sei você, mas eu teria uma grande tendência a detalhar o que fiz e dizer para todos que ‘Fui eu’. Graças a Deus que Ele não sou eu. Basta olharmos para a vida de Jesus, o Deus que se fez homem, o criador desse Universo que acabamos de falar, o sustentador da vida, que nasceu da forma que foi e viveu sem regalia alguma. Ou você acha que na sua época não existiam seus tablets, iphones, e carrões? Lógico que não, (rs). Mas, com certeza, tinham as melhores sandálias, feitas dos melhores couros, as melhores túnicas e os melhores cavalos. Em momento algum na bíblia encontramos referência a algumas dessas preocupações por parte do Mestre e temos nEle nosso padrão também nessa área, pelo menos deveríamos ter.

(Para continuar preciso confessar um pecado publicamente: Há poucos dias me vi discutindo em casa com a minha esposa sobre uma “necessidade” minha de ter um celular de última geração, usando como pretexto minha profissão e mobilidade. Mas a verdade era o fato de ver muitos com os quais convivo terem um celular melhor que o meu. Ao estudar o que exponho aqui, pude perceber meu erro e voltar atrás nas minhas intenções. Feita a reparação, continuemos...)

            Simplicidade é liberdade. Conheci muitas pessoas simples na minha vida. Gostaria de destacar duas delas: A primeira é um amado irmão em cristo, Rodrigo Castro. Conheci Rodrigo no início da minha juventude e, enquanto eu morava em uma comunidade pobre e mau tinha dinheiro para pegar ônibus, Rodrigo era de uma família de classe média alta, já tinha um carro e estava terminado um curso de tecnologia em uma das Universidades mais caras do estado de Pernambuco. Mas nada disso o afastou de mim e dos nossos amigos, em pouco tempo Rodrigo se tornou um de nós, o Evangelho de Cristo fez isso em seu coração. Sua mesada usava para ajudar pessoas necessitadas, eu fui uma delas, e seu carro já não era seu, era nosso. Eu lia a Bíblia e via Jesus em nossa amizade. Fica minha homenagem e gratidão; A segunda pessoa é  Simea Meldrum. A pastora Simea foi um dia nos buscar na comunidade e nos apresentou o Amor. Através dela Deus entrou na minha vida, converteu meu coração e me inseriu no Seu Reino. Com uma voz doce e uma paciência sobrenatural ela “adotou” um bando de meninos e foi sua mãe espiritual durante um bom tempo. Após isso, iniciou um trabalho em um famoso e miserável lixão na cidade de Olinda que ficou conhecido internacionalmente por ter pessoas comendo pedaços de carne humana recolhidos do lixo hospitalar (segue link com a reportagem de 16/04/1994 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/4/16/brasil/53.html)implantando lá uma igreja e sua vida, cuidando de centenas de pessoas sem esperança e dignidade, sendo a mãe que um dia foi para mim. Minha admiração, gratidão e amor.  

Ansiamos possuir coisas das quais não precisamos e jamais desfrutaremos. Até compramos coisas que não queremos para impressionar pessoas das quais não gostamos.

            A frase acima é verdade. Quantas vezes compramos algo com todos aqueles recursos oferecidos que nunca usamos? Pense direitinho...  Compramos para quê? Mais profundo ainda... Compramos para quem? O que nos move hoje não é a necessidade e sim o prazer. O prazer de ter, de mostrar. Responda a seguinte pergunta: Se ninguém tivesse e, não tivesse a quem mostrar, você teria? Conformar-se com uma sociedade doentia é adoecer.

                  Perceba a sutil inversão de valores: O herói moderno é o garoto pobre que por esforço próprio se torna rico, em vez de ser o garoto rico que voluntariamente se torna pobre.

Quero destacar agora o que nos ensina alguns trechos da Palavra de Deus:

Se as suas riquezas aumentam, não ponham nelas seu coração. Sl 11:28

Quem confia em bens materiais cairá do cavalo, mas quem é moldado por Deus florescerá e dará bons frutos. Pv. 11:28

Saibam que o lugar em que mais vocês desejam estar é perto do seu tesouro; e é lá que acabaram indo parar. Mt 6:21

Dirigindo-se ao povo continuou: Tomem cuidado! Protejam-se de todo tipo de ganância. A vida não é definida pelas coisas que você tem. Lc 12:15

Diga aos ricos na riqueza deste mundo que deixem de lado a empáfia e a obsessão por dinheiro, que está aqui hoje e desaparece amanhã. Diga-lhes que busquem Deus, que ajunta muitas riquezas que jamais conseguiríamos administrar, e façam o bem, para que sejam ricos em ajudar os outros e sejam pra lá de generosos. Se agirem assim, irão ajuntar um tesouro que vai permanecer e ainda obterão a vida que é verdadeira vida. 1Tm 6:17-19

                   Mas existe um problema nisso tudo. De todas as disciplinas, a Simplicidade é a mais visível e, portanto, a mais sujeita à corrupção. A própria simplicidade transforma-se em idolatria quando passa a ter mais importância que a busca pelo Reino. Num comentário especialmente profundo a respeito dessa passagem das Escrituras, SØren Kierkegaard considera o tipo de esforço que se pode fazer para buscar o Reino de Deus. Deveria alguém arrumar um emprego adequado a fim de exercer uma influência virtuosa? Sua resposta: não; devemos buscar primeiro o Reino de Deus. Então deveríamos distribuir todo o dinheiro que temos para dar de comer aos pobres? Novamente a resposta é: não; devemos buscar primeiro o Reino de Deus. E quanto a sair por ai pregando essa verdade pelo mundo, isto é, que as pessoas devem buscar primeiro o Reino de Deus? Mas uma vez a resposta sonora é: não; devemos buscar primeiro o Reino de Deus. Kierkegaard concluiu que, “em certo sentido a resposta é: nada; torna-se nada diante de Deus, aprender a permanecer em silêncio. Nesse silêncio, está o início, ou seja, buscar primeiro o Reino de Deus.


                   O simples fato de alguém viver sem possuir bens não garante que esteja vivendo com simplicidade. Se tudo que possuímos é uma dádiva e se o que temos deve ficar aos cuidados de Deus e a disposição dos outros estamos livres da ansiedade. Essa é a realidade interna da simplicidade. E a primeira atitude interna da simplicidade é considerar dádiva de Deus tudo que possuímos. Nós trabalhamos, mas sabemos que não é nosso trabalho que nos dá o que temos. Vivemos pela graça, mesmo como se trata do “pão de cada dia”. Dependemos de Deus para os elementos mais simples da vida: ar, água, sol. O que temos não resulta de esforço nosso, mas do cuidado gracioso de Deus. Somos tentados a pensar no que possuímos como resultado de esforços pessoais, mas basta uma lig,eira estiagem ou um pequeno acidente para ficar demonstrado outra vez que somos inteiramente dependentes das coisas. Saber que é assunto de Deus, e não nosso, cuidar do que temos é a segunda atitude interna da simplicidade. Por os bens a disposição dos outros é a terceira.

Beleza então... Mas como colocar essa simplicidade em prática? Dez dicas importantes:

Em primeiro lugar, compre as coisas pela utilidade que têm, não pelo status que conferem.
Pare de tentar impressionar as pessoas com suas roupas: deixe-as impressionadas com sua vida.

Em segundo lugar, rejeite qualquer coisa que crie em você alguma dependência. A simplicidade é liberdade, não escravidão.

Em terceiro lugar, desenvolva o hábito de dar coisas.

Em quarto lugar, recuse a propaganda feita pelos guardiões da moderna quinquilharia eletrônica.

Em quinto lugar, aprenda a desfrutar as coisas sem possuí-las.

Em sexto lugar, desenvolva um apreço profundo pela criação.

Em sétimo lugar, examine com ceticismo saudável todas as propostas “compre agora, pague depois”.

Em oitavo lugar, obedeça às instruções de Jesus sobre falar direta e honestamente: “ Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, o seu ,não’, ´não’; o que passar disso vem do maligno”. Mt.5:37

Em nono lugar, rejeite qualquer coisa que seja instrumento de opressão.

Em décimo lugar, afaste-se de qualquer coisa que o distraia de sua busca pelo Reino de Deus.

               Que possamos aplicar dentro de nós essa Revolução, essa desintoxicação. Vivemos na era da hipocrisia e da ganância, somos bombardeados a vivermos como se vive a maioria. Sem perceber, muitos caem de joelhos e amarrados como escravos seguem um senhor que os distancia do verdadeiro Senhor, o Jesus da insignificante Nazaré. Que essa Revolução da Simplicidade que começou há mais de 2.000 anos atrás nos constranja a vivê-la por mais 2.000 anos se necessário for.

Seja livre. Seja simples.