Houve um momento da
minha vida que fiz teatro amador, foi muito bom, um momento mágico. Pude
aprender algumas técnicas de interpretação, decorar textos, etc. Peças bem simples, apresentadas em alguns bairros e cidades do estado de Pernambuco onde morava. Lembro-me da
adrenalina da preparação dos personagens nos “camarins” (na verdade uns
cantinhos improvisados, rsrs) e de olhar no buraco da cortina para ver se já
tinha chegado alguém. Isso faz muito tempo, mais ou menos 17 anos atrás. Que
sensação boa! Deixou saudades. Bom mesmo seria se esse tipo de interpretação só
fosse ali, no ensaio, no palco, feito por amadores ou profissionais na arte da
interpretação. Mas não é verdade. Como disse Oscar Wild, ‘A vida imita a arte
muito mais do que a arte imita a vida’, e a arte imitada pela vida é a de criar
personagens mascarados como antigamente, personagens fantasiados, que de tanto assistirmos
só lembramos deles caracterizados e não da fisionomia do ator. Posso citar como
exemplo os fantásticos amigos de Dorothy no mundo de Oz, o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata no famoso O Mágico de OZ. Você lembra do rosto dos
atores?
As máscaras da
vida nos acompanham. Desde pequenos somos incentivados, para não dizer
forçados, a ser quem não somos de verdade. Sempre bonzinhos, sempre felizes,
sempre bem. O orgulho dos pais, o amigo querido, o crente infalível, etc, etc,
etc... A pergunta feita todo dia: ‘Bom dia, tudo bem?’. E a resposta: ‘Bom dia,
tudo.’. Deixa bem claro a situação. Vamos ser honestos, o dia nem sempre inicia
bem e ‘Tudo’, como diz um amigo meu, ‘TUDO’ é muita coisa. Mentira, medo,
covardia. O pior é que por tanto vivermos na fantasia da vida, a realidade deixa de ser real. Nem com Deus falamos mais sobre quem somos de verdade, até por
que, as vezes acreditamos que até Ele já enganamos. Leia com bastante atenção o que
escreveu Simon Tugwell:
“E
assim, tal como escravos fujões, escapamos de nossa realidade ou produzimos um
falso “eu” que seja admirado pela maioria, relativamente atraente e feliz
apenas na superfície. Escondemos aquilo
que sabemos ou sentimos ser (que pressupomos ser inaceitável ou indigno de
amor) atrás de algum tipo de aparência que, esperamos, seja mais agradável.
Escondemo-nos atrás de semblantes bonitos só para agradar os outros. Com o
tempo, podemos até esquecer o que estamos escondendo e passar a acreditar que
temos, de fato, a mesma aparência das máscaras que usamos.”
Temos que aprender
a sair da negação. Sabe o que é isso?